Micróbio até então desconhecido é descoberto na estação espacial chinesa

A nova cepa de micróbio, chamada Niallia tiangongensis, é uma nova variante de uma bactéria conhecida da Terra

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Imagem: CNSA, via Weibo

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Um micróbio nunca antes visto na Terra foi identificado a bordo da estação espacial chinesa Tiangong, revelou um estudo publicado no International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology. Batizada de Niallia tiangongensis, a bactéria é uma variante espacial de uma cepa terrestre conhecida e foi encontrada em uma das cabines do laboratório orbital.

A descoberta, liderada por pesquisadores do Shenzhou Space Biotechnology Group e do Instituto de Engenharia de Sistemas Espaciais de Pequim, destaca a importância de monitorar microrganismos em missões de longa duração, tanto para proteger a saúde dos astronautas quanto para entender como esses seres evoluem no espaço.

Segundo o estudo, a Niallia tiangongensis desenvolveu mecanismos únicos para sobreviver às condições extremas da estação espacial, como microgravidade, radiação e isolamento. Entre suas habilidades notáveis está a capacidade de combater o estresse oxidativo (associado ao envelhecimento celular) e até reverter danos causados pela radiação.

“Decifrar esses mecanismos pode nos ajudar a criar estratégias de controle microbiano precisas, com aplicações em medicina, agricultura e até na proteção de naves espaciais”, explicaram os autores.

Astronauta da missão Shenzhou-17 em uma caminhada espacial para consertar painéis solares na estação espacial Tiangong em 1º de março de 2024. Crédito: CMSA

Micróbio coletado pode ser só o começo

De acordo com o South China Morning Post, o micróbio foi coletado em maio de 2023 pela tripulação da missão Shenzhou-15, que usou lenços estéreis para recolher amostras das superfícies da Tiangong.

Os materiais, então congelados, foram trazidos à Terra para análise genética e metabólica, confirmando tratar-se de uma nova linhagem da família Cytobacillaceae (bactérias em forma de bastonete), mas com diferenças genéticas significativas em relação às suas “parentes” terrestres.

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A Agência Espacial Tripulada da China (CMSA) vinculou a descoberta ao programa CHAMP (Programa do Microbioma da Área de Habitação da Estação Espacial), que monitora a dinâmica microbiana no laboratório orbital.

Em comunicado, a agência afirmou que pesquisas como esta podem render “uma colheita abundante” de novas informações sobre recursos genéticos e funções metabólicas, com potencial para “aplicações revolucionárias na Terra”.

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.

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