cidade futurista pode alterar o clima na Arábia Saudita

Prédios flutuando na água, estação de esqui e novas ilhas podem alterar desde a trajetória do vento até tempestades de areia

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Se concluído, o Line poderá abrigar 9 milhões de pessoas (Imagem: Neom/Divulgação)

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A construção da megacidade The Line pode alterar os sistemas climáticos na Arábia Saudita, disse um cientista climático que trabalha como consultor no projeto Neom. A informação foi publicada pela revista Financial Times.

O empreendimento da Neom será 33 vezes maior que a cidade de Nova York e prevê prédios flutuando na água, estação de esqui e novas ilhas. Toda essa dinâmica pode alterar desde a trajetória do vento até tempestades de areia.

O alerta foi feito por Donald Wuebbles, professor do departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de Illinois e autor dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.

“Parte da minha preocupação era qual seria o impacto que The Line e aqueles [projetos] teriam no meio ambiente local… você começa a afetar o clima e o clima locais”, disse ele. Para o professor, há danos potenciais que “não foram estudados o suficiente”.

Primeira fase da cidade arranha-céu de 170 km de extensão deve custar R$ 2,1 trilhões (Imagem: Neom/Divulgação)

Riscos negligenciados?

The Line está sendo construída na província de Tabuk, no noroeste da Arábia Saudita, onde o clima é seco e desértico. De acordo com Wuebbles, diversos acadêmicos foram contratados pela Neom para estudar os potenciais riscos, mas os resultados nunca foram compartilhados.

Apesar disso, o comitê consultivo de sustentabilidade da empresa lhe garantiu que as preocupações climáticas haviam se tornado uma “prioridade maior” desde a saída abrupta de Nadhmi al-Nasr, ex-chefe da Neom.

Wuebbles ponderou que diversos projetos estavam sendo revisados devido a “um ambiente de recursos limitados”, e que o futuro do comitê consultivo, do qual ele faz parte, está em risco. “Toda a operação foi desacelerada em seis a 12 meses”, disse. 

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Província de Tabuk era ocupada por membros da tribo Howeitat antes das obras (Imagem: Lukas Bischoff/iStock)

Projeto polêmico desde o início

Além de problemas em questões ambientais, o jornal Middle East Eye lembra que o governo saudita foi acusado de deslocar à força membros da tribo Howeitat, que vivem há séculos na província de Tabuk, para dar lugar à cidade de US$ 500 bilhões. 

Em abril de 2020, o ativista Abdul-Rahim al-Howeiti foi morto a tiros pelas forças de segurança logo após fazer vídeos protestando contra sua remoção para dar início às obras.

Bruna Barone

Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero

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