Proposta ousada sugere introduzir vida em lua de Saturno

Mas, e se houver vida nativa na lua Encélado, de Saturno, e esse experimento audacioso acabar por contaminá-la sem querer?

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Representação artística da lua Encélado, de Saturno, local com potencial para abrigar vida alienígena. Crédito: Naeblys – Shutterstock

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Um artigo publicado na revista Space Policy propõe uma ideia ousada: levar microrganismos da Terra para Encélado, uma das luas geladas de Saturno. O objetivo seria estudar como a vida se comporta em um ambiente com água e condições favoráveis, mas ainda estéril – caso se confirme que não há vida nativa por lá.

Isso porque Encélado e Europa, lua de Júpiter, são considerados os locais mais promissores do Sistema Solar para encontrar vida. Ambos os corpos têm oceanos profundos sob camadas de gelo. No caso de Encélado, já se sabe que há atividade química e elementos essenciais à vida em seu oceano subterrâneo.

Se – e somente se – confirmada a ausência de vida, cientistas sugerem introduzir microrganismos nesses oceanos. A ideia é observar como a vida se desenvolve em um ambiente semelhante ao da Terra primitiva. Isso pode ajudar a entender a origem da vida no nosso planeta.

Segundo os autores, esse tipo de experimento traria informações valiosas sobre como a vida pode surgir e se espalhar em ambientes extremos, como fontes hidrotermais no fundo do mar. Também ajudaria a imaginar como seria colonizar outros planetas ou luas com recursos limitados.

Representação artística de uma das fontes termais da lua Encélado, de Saturno, onde cientistas querem introduzir vida terrestre. Crédito: Jurik Peter – Shutterstock

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Essa missão, de acordo com o artigo, seria tecnicamente possível com a tecnologia atual. Diferentemente de Marte, que exige muito para ser transformado, luas geladas como Encélado poderiam receber vida em condições mais controladas. Ainda assim, há muitas dúvidas sobre os riscos.

Os cientistas reconhecem que o experimento levanta questões éticas importantes. E se houver vida em Encélado e a contaminarmos sem querer? Mesmo sem sinais de vida, até que ponto podemos ter certeza antes de mudar todo um ecossistema? A decisão não pode ser tomada levianamente.

A proposta também vale para outros mundos, como Europa, Titã, Ceres ou qualquer corpo com condições habitáveis. A discussão sobre como e se devemos interferir nesses ambientes é essencial. Explorar o espaço pode ensinar muito sobre a vida, mas exige responsabilidade.


Flavia Correia

Redator(a)


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Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.


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