Por que humanos não têm pelos no corpo todo? Cientistas respondem

Todos os mamíferos possuem pelos cobrindo o corpo, uma característica que define esse grupo dentro do reino animal. Nos humanos, porém, essa cobertura é muito mais discreta do que em outros mamíferos, o que dá a impressão de que não temos pelos.

Essa impressão se repete em espécies como rinocerontes, elefantes e tatus, que também parecem ter pele lisa, mas, na verdade, possuem pelos finos ou modificados, adaptados a diferentes funções.

No caso dos tatus, por exemplo, os pelos são esparsos e coexistem com placas rígidas de proteção. Em elefantes e rinocerontes, os pelos são tão ralos que mal se notam, resultado de adaptações a ambientes quentes e exposição solar intensa.

imagem mostra dois elefantes adultos e seu filhote
Elefantes adultos e seu filhote (Reprodução: EyeEm Mobile GmbH/iStock)

Já em nós, seres humanos, a presença dos pelos continua, mas de forma tão fina e localizada que passamos a ser vistos como a exceção entre os mamíferos. Então vamos entender por que nossos pelos são tão discretos?

Por que humanos não têm pelos no corpo todo?

Seres humanos são mamíferos, e como tal, espera-se que tenham pelos cobrindo todo o corpo, como ocorre com outros membros do mesmo grupo. No entanto, ao contrário de chimpanzés, gorilas, leões ou ursos, os humanos modernos desenvolveram uma aparência “nua”, com pelos concentrados apenas em regiões específicas.

Essa característica chamou a atenção de biólogos evolucionistas há décadas e levou à formulação de várias teorias científicas para explicar por que os humanos não têm pelos no corpo todo, mesmo possuindo folículos pilosos distribuídos por quase toda a pele.

Imagem: 220 Selfmade studio/Shutterstock

Uma das explicações mais aceitas envolve a termorregulação. À medida que os primeiros hominídeos passaram a se mover em áreas abertas e quentes, como as savanas africanas, o corpo humano começou a adaptar-se a uma necessidade maior de liberar calor.

A perda da maior parte da pelagem corporal, combinada com o aumento do número de glândulas sudoríparas, permitiu que os humanos regulassem sua temperatura com muito mais eficiência durante atividades físicas prolongadas, como longas caminhadas ou a caça de resistência.

Isso teria oferecido uma vantagem importante em ambientes quentes, enquanto animais mais peludos eram obrigados a buscar sombra ou repousar para evitar superaquecimento.

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Outro fator importante que pode ter favorecido a perda de pelos é a relação com parasitas. Corpos cobertos de pelos oferecem esconderijo ideal para piolhos, carrapatos e outros ectoparasitas que podem transmitir doenças graves.

Com menos pelos, nossos ancestrais estariam menos expostos a essas infecções e teriam mais facilidade em detectar e remover organismos indesejados. Essa vantagem seletiva teria se somado ao benefício térmico, favorecendo indivíduos menos peludos em termos de sobrevivência e reprodução.

Imagem: lorenza62/Shutterstock

A seleção sexual também aparece entre as hipóteses discutidas pelos cientistas. A pele humana, quando exposta, se tornou uma nova ferramenta de comunicação visual. Sinais de saúde, juventude e fertilidade passaram a ser percebidos diretamente na pele.

Alguns pesquisadores acreditam que parceiros com pele mais visível e menos coberta de pelos passaram a ser considerados mais atraentes, favorecendo a disseminação de genes associados à baixa densidade pilosa. Embora essa teoria não explique sozinha a origem da nudez humana, ela pode ter reforçado a tendência de redução de pelos em combinação com as pressões ambientais.

Mesmo sem pelos densos no corpo inteiro, os humanos mantiveram pelos em regiões específicas como cabeça, axilas, sobrancelhas e região pubiana. Cada uma dessas áreas tem funções evolutivamente úteis.

O cabelo da cabeça protege contra a radiação solar e ajuda a manter o couro cabeludo fresco. As sobrancelhas impedem que o suor escorra para os olhos. Os pelos das axilas e da virilha estão associados à liberação de feromônios e comunicação química entre indivíduos.

Médico com luvas azuis tocando no nariz da paciente mulher com cabelos escuros e pele clara.
Um dos locais onde ainda temos pelos é dentro do nariz. Imagem: Reprodução/Freepik

Assim, mesmo que o corpo como um todo tenha perdido a pelagem espessa de seus ancestrais, essas regiões mantiveram seus pelos por razões funcionais específicas.

Por fim, vale lembrar que os humanos não deixaram de ter pelos. Na verdade, temos aproximadamente o mesmo número de folículos pilosos que outros primatas de tamanho semelhante. A diferença está na espessura e no tipo de pelo que esses folículos produzem.

A maior parte da cobertura pilosa humana é feita de pelos finos, quase invisíveis, chamados de pelos vellus, enquanto os pelos terminais, mais espessos e pigmentados, aparecem apenas em áreas localizadas. O corpo humano continua sendo um organismo peludo, mas o tipo e a distribuição desses pelos mudaram drasticamente ao longo da evolução.

*Com informações de Scientific American.


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