Terreno de 2 mil km² já abriga escolas e lojas, mas nenhum investimento oficial ou uso da terra é permitido

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Milhares de hectares de terras afetadas pelo desastre de Chernobyl podem voltar a ser usados para cultivo agrícola, de acordo com pesquisa liderada pela Universidade de Portsmouth (Inglaterra) e pelo Instituto Ucraniano de Radiologia Agrícola.
São 2 mil km² da chamada “Zona de Reassentamento Obrigatório”, que nunca foi totalmente abandonada. A área abriga milhares de pessoas, tem escolas e lojas, mas nenhum investimento oficial ou uso da terra é permitido.

Já a “Zona de Exclusão de Chernobyl“, de 4,2 mil quilômetros quadrados, ao redor da usina nuclear, permanece desabitada em função da contaminação radioativa e, agora, é uma das maiores reservas naturais da Europa.
Entendendo o estudo em Chernobyl
- Cientistas vêm afirmando, desde a década de 1990, que a terra pode ser usada novamente com segurança, apesar da contaminação por radiocésio e radiostrôncio;
- No entanto, segundo a pesquisa, “complexidades políticas” fizeram com que a terra permanecesse oficialmente abandonada;
- Isso não impediu os pesquisadores de criarem, por conta própria, um método para a reavaliação segura de terras agrícolas abandonadas após o acidente nuclear de 1986 — e os resultados indicam que o cultivo agrícola é seguro na maioria das áreas;
- Eles avaliaram os níveis de contaminação para prever a absorção de substâncias radioativas por culturas comuns, como batatas, cereais, milho e girassóis em terreno de 100 hectares na região de Zhytomyr;
- As análises de radiação gama externa nas amostras de solo mostraram que a dose efetiva de radiação para trabalhadores está bem abaixo do limite nacional de segurança da Ucrânia e significativamente menor do que os níveis de radiação de fundo experimentados naturalmente em todo o mundo.
“Desde 1986, tem havido muita desinformação sobre os riscos da radiação de Chernobyl, o que impactou negativamente as pessoas que ainda vivem em áreas abandonadas. Agora, temos uma abordagem validada e com base científica para trazer terras agrícolas valiosas de volta à produção oficial”, disse Jim Smith, o principal autor do estudo.
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Ganhos para o futuro
O objetivo, agora, é que o protocolo sirva de modelo para outras regiões do mundo que lidam com contaminação radioativa de longo prazo. A equipe está confiante de que o envolvimento da comunidade pode ajudar a recuperar terras agrícolas e promover segurança alimentar.
“Não se trata apenas de Chernobyl“, disse o Professor Smith. “Trata-se de aplicar ciência e evidências para garantir a proteção das pessoas e, ao mesmo tempo, garantir que a terra não seja desperdiçada desnecessariamente.”


Colaboração para o Olhar Digital
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.