
Tudo sobre Inteligência Artificial
Você lê notícias pelo celular, reproduz o que aquele(a) influenciador(a) diz e acredita que está bem-informado(a), que as suas opiniões são fruto de reflexão própria e crítica. Mas e se grande parte do que você pensa – ou pensa que pensa, tiver sido moldada por sistemas automatizados que conhecem as suas preferências, aversões e o que te faz clicar?
Seja bem-vindo(a) à bolha de informação. Um ambiente confortável, colorido, sedutor e perigosamente eficaz.
Fato que as redes sociais foram projetadas para conectar pessoas. Mas, na prática, tornaram-se máquinas de confirmação: filtram o que você vê, reforçam o que já pensa e silenciam o que te desagrada. Os algoritmos são treinados para maximizar seu tempo de engajamento — não para promover diversidade de ideias, pensamento crítico, aversão, reflexões complexas ou pluralidade de visões.
E sim, isso não é por acaso. É arquitetura.
Um estudo publicado na revista Teknokultura analisou o comportamento de 1361 adolescentes brasileiros e revelou que cerca de 90% utilizam sites de redes sociais como principal fonte de informação, enquanto apenas 3,8% recorrem a meios de comunicação formais.
Além disso, o fenômeno das “câmaras de eco” – espaço que têm o potencial de ampliar as mensagens entregues ali e isolá-las das mensagens que as contradizem – é amplificado por algoritmos que priorizam conteúdo semelhante ao que você já consome, limitando sua exposição a perspectivas divergentes.

Nas conhecidas bolhas digitais (assim como existem as bolhas sociais), as ideias não são apenas repetidas — são amplificadas, distorcidas e servidas em eterno loop. A partir do que lhe é apresentado nas redes, você começa a acreditar que todos pensam como você e, quando encontra alguém que discorda, parece estar lidando com um inimigo, alguém que absurdamente não entende nada do seu mundo perfeito, honesto e lógico.
Sendo assim, nesse mundo de bolhas de desinformação, a pluralidade torna-se exceção, o debate desaparece e polarização vira regra.
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Para não me tornar radical, vamos ser um pouco mais críticos e dividir as responsabilidades: o problema não está apenas no algoritmo, mas na ignorância da confiança cega que depositamos nele. Está na ausência de responsabilidade de produtores de conteúdo, na inexistência popular de pensamento crítico, na falta de transparência nas plataformas e na ausência de regulação em um ambiente que influencia eleições, movimentos sociais e até a saúde mental de populações inteiras.
Enquanto a boiada segue, continuamos alimentando sistemas que nos mantêm entretidos, viciados e — mais alarmante — ignorantes multiplicadores desinformados.

Para quem deseja tentar furar a bolha, há saída, mas exige esforço: buscar fontes diversas, seguir vozes que pensam diferente, verificar antes de compartilhar e cobrar responsabilidade das big techs. O que é público precisa ser transparente. O que influencia milhões deve ser regulado.
Afinal, se a sua timeline só confirma o que você já pensa, você não está se informando. Está sendo alimentado. E o que é alimentado demais, uma hora é engolido.